Não vou fazer uma crónica exaustiva da expedição, pois já está muito bem descrita por outros companheiros(as) de aventura, mas não posso deixar de colocar aqui o meu testemunho.
Começo por dizer que quando se começou a falar desta viagem eu não fui das mais entusiastas nem me dizia muito ir a Marrocos, nunca foi destino que ambicionasse visitar, …mas o “Vieia” queria muito ir e eu, ok! - vamos lá à aventura e seja o que Deus quiser.
Neste momento o meu discurso muda, completamente, a conquista de Marrocos foi além das minhas expectativas por todos os motivos e mais alguns, onde se viveram diversas experiências…
Começando a aventura na fronteira, e relembrando as inúmeras operações STOP, que encontrámos ao longo do caminho e que quando viam o “rally” paravam tudo para nós passarmos, e era aquela sensação de: “Vamos em direcção a quê???”
A direcção era aquela e era a certa, Asilah, Midelt, passando pela Floresta dos Cedros, Merzouga, mais propriamente o tão desejado Erg Chebi já com as paisagem mais característica daquilo que todos ambicionávamos, o DESERTO, e ai é que foi bombar o pessoal tudo a acelerar os Land’s em direcção ao Aubergue du Sud, e eis que aparecem elas, as tão desejadas DUNAS, com uma recepção recheada de simpatia e regada com o tradicional cházinho de menta que não podia faltar.(Até tivemos direito a piscina acabadinha de encher, (aahhhhpoisé!!!)
Neste Auberge recordo especialmente a celebração dos aniversários, o jantar nas tendas, as ansiadas “bombas” (hehehe), a musica tradicional, a tempestade de areia, a chuva, as dunas, o por do Sol e o céu estrelado, o silêncio, a sensação da areia quente nos pés ao fim da tarde, a loucura de conduzir nas dunas, a beleza dos oásis no meio do nada. Só compreende o que aqui escrevo quem passou por todas estas experiências inesquecíveis! Pois..também podemos falar dos ratinhos do deserto que quiseram dormir connosco, do calor insuportável durante a noite, da manteiga do pequeno almoço, (lherrrkkk) etc., etc., mas que se esquece rapidamente tendo em conta as coisas boas que se viveram.
Depois desta aventura no Erg Chebi o destino foram as inigualáveis Gargantas do Totra, com os navegadores De L’Eau a comandar a caravana, fizemos a pista, que nos diziam, muito muito difícil, das Gargantas do Totra às Gargantas de Dadés, era mesmo uma pista complicada, sem nunca sabermos o que nos esperava, íamos avançando, chegámos já pela noite dentro, ao Hotel das Gargantas de Dadés.
O que mais me marcou nesta viagem foi,no meio das Gargantas, ou melhor no meio do nada, quando a caravana ia a passar, saiu de dentro de uns buracos nas pedras, uma família, onde estava um miúdo “que tocava violino”, este feito de lata, a pedir comida. Como é possível…viver, ou, sobreviver nestas condições?! A caravana foi passando e foi deixando algumas roupas e comida para aquela família que por um instante se sentiu feliz, e nós… bem connosco próprios, por sabermos que deixámos ali um pouco de cada um, e que aquelas crianças sorriram por um momento. Aquele sorriso pode ter durado uns escassos minutos, mas vai ficar na nossa memória durante muito tempo.
Bem, a partir daqui fomos para Ouarzazate, o Hotel Perle du Sud com uma piscina “Bombástica”, hehehe.
Uma Medina muito simpática, onde o pessoal, principalmente nós, as mulheres, fizemos o estágio do regateio dos preços, fosse lá o que fosse lá estávamos nós a regatear lolololol.
Destino seguinte, Marrakech, ai meu Deus, que grande confusão, quando me diziam: eles são loucos a conduzir, xxiiii, loucos é pouco, anarquia total e sem limites!!!! Depois de grandes razias, curvas apertadas, ultrapassagens feitas por “espécies” variadas, lá chegámos ao Hotel, muito simpático no qual resolvemos pernoitar dois dias. Pois tinha de ser, depois de avistarmos aquela enorme Medina, com tanto comércio para regatear, um dia não chegava, era pouco para tantas tagines, candeeiros, sapatos, colares, pulseiras, anéis, tatuagens, eu sei lá mais o que, era só negociar preços e “má nada”…
No dia seguinte lá arrancámos nós direito a Ceuta, onde depois de uma travessia de barco um tanto ou quanto atribulada, chegou a hora da despedida, confesso, com uma lagriminha no canto do olho…
Depois desta expedição com intuito humanitário, houve realmente coisas que me marcaram profundamente: a paisagem, a simpatia das pessoas, outras realidades que nos sensibilizam e às quais não podemos ficar indiferentes e que nos dão vontade de querer mudar o mundo.
Tudo correu bem, a camaradagem, a entreajuda e as novas amizades que nasceram nesta viagem, falam por si, foi excepcional, pessoal adorei!!!
Um comentário:
Sim senhora, mana. Quem te viu e quem te vê. Adorei a tua descrição e confesso que me surpreendeste com essa tua descoberta do gosto pela aventura. Beijos. Cristina Seita
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